domingo, 6 de janeiro de 2013

Porque hoje é domingo, eu Jó me confesso...






Porque hoje é domingo, e apenas e só por isso, gostaria de partilhar convosco uma  teoria com a qual me ando a debater de momento. Não se trata de uma teoria da conspiração, atente-se. Qualquer possibilidade de me assemelhar ao Mel Gibson é coisa para me tirar o sono durante a próxima década. E o que eu gosto de dormir... Gosto quase tanto de dormir como a Teresa Guilherme gosta da Selecção Sub-21 (de qualquer país, suspeito).
 
 
Para quem não sabe, eu sou sportinguista. Lagarta. Verde de corpo e alma. Sou tão sportinguista, tão sportinguista que passei a apreciar o trabalho do Tomás Taveira, desde que desenhou o Alvalade XXI. E não estou a falar do trabalho cinematográfico, o qual não deve ser desprezado. A indústria de óleo de amêndoas doces devia erguer uma estátua ao arquitecto, que de forma tão altruísta levou este produto tão português mais fundo.
 
 
Sou tão sportinguista, tão sportinguista que consigo ouvir o Miguel Ângelo a cantar o Sopro do Leão, sem me bolsar. E atenção que sou apologista da tese de Ricardo Araújo Pereira, que como fulgurante estrela Pop, o vocalista dos Delfins já nos está a dever uma overdose fatal há mais de duas décadas. E o Miguel Gameiro, um salto de queda livre sem páraquedas . E o Paulo Gonzo, uma asfixia erótica levada longe demais. Digo eu...


Bem, mas deixemo-nos de pensamentos felizes. Conforme ia dizendo, sou sportinguista até ao baço, e como é óbvio não sou indiferente à verdadeira hecatombe que está a assolar o meu clube. É tão seguro manter o Godinho Lopes na chefia do SCP, como pôr o Carlos Cruz a treinar as camadas jovens. Está mais que visto que alguém vai acabar entalado...


Então, cá vai a minha teoria que está-se a fazer tarde e tenho de ir pôr o jantar ao lume: ser sportinguista é ter uma costela de Jó. Conhecem o Jó? Não, não é aquele gajo de Odivelas que desbloqueia telemóveis por 10 euros. Jó é uma personagem bíblica. Embora eu não seja católica, acho a Bíblia uma boa fonte de material, tipo as novelas da TVI. É grande que nunca mais acaba, os enredos não fazem  sentido, são sempre as mesmas caras, resumindo, um fenómeno de audiências.


Para quem não viu este episódio, a história de Jó é mais ou menos isto: Jó levava uma vida de lorde, tinha dez belos filhos e possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas (sei que parece a descrição da plateia de um congresso do PSD, mas acho que o congresso leva mais jumentos). E para cúmulo dos cúmulos era um gajo certinho, ao estilo vizinho do Homer Simpson. Ora Deus exibiu Jó a Satanás como a última Coca-Cola do deserto, ao que Satanás responde qualquer coisa como: Com a vida que ele leva, também eu me portava com juizinho. Nisto, o Omnipotente fica picado e aposta cem biscas, em como Jó continuaria direito, mesmo que a vida dele desse para o torto.


Vai daí, Satanás tira ao desgraçado do Jó a sua saúde, os filhos e todo o gado (este Satanás, assim de repente, não vos faz lembrar um certo ministro, monocórdico até à medula e extremamente parecido com uma certa personagem protagonizada pelo Rowan Atckinson? Esqueçam, se calhar é impressão minha).  Mesmo assim, Jó continuou a portar-se com imenso juízo, o que é coisa que até a mim me dá nos nervos, agora imaginem ao Satanás. 


O Chifrudo não vai de modas e brinda Jó com, e passo a citar:  úlceras malignas, desde a planta do pé até o alto da cabeça. Toma lá, que já almoçaste! E mesmo assim o Jó, hirto e firme que nem uma barra de aço qual Prof. Alexandrino, continuou ali na linha, bondoso até à náusea, um verdadeiro portento. Assim, Satanás meteu a viola no saco, e Jó recebeu uma verdadeira montra de prémios à la Preço Certo : Deus devolveu a Jó em dobro a tudo quanto antes possuía de bens materiais, além de vir a ter outros sete filhos e três filhas, as quais vieram a ser consideradas como as mais belas da época. E quanto a Jó, ele viveu cento e quarenta anos, e morreu velho e farto de dias.


Pois é! É por isto que eu me sinto com uma costela de Jó. Aliás, ultimamente sinto-me com uma costela, o sistema digestivo, dois terços do sistema respiratório... Ora vejamos: o Sporting passou 18 anos sem ganhar ponta de corno, e a malta aguentou estóicamente. Acreditámos, iludidos, que nada poderia ser pior e levamos com esta magnífica Direcção e respectivo Conselho Leonino, que não são mais que úlceras malignas, desde a planta do pé até o alto da cabeça do meu amado clube.


Termino, no entanto, com uma mensagem de esperança. Creio que há uma luz ao fundo do túnel: se aguentarmos como Jó, pode ser nos seja devolvido em dobro o que antes possuíamos. Isto é, com tudo aquilo que nós, adeptos sportinguistas, temos aguentado, receberemos no mínimo o plantel do Real e do Barcelona juntos. E mais um clube de topo da liga inglesa para fazer uma equipa B. E nesse dia, pode ser que cheguem  as mais belas da época.


E porque hoje é domingo, eis o que se me oferece dizer...
 
 

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