Tenho uma página em branco, mas
falta-me a guitarra do Jorge Palma. E o talento dele. E a cirrose dele... Se
bem que se volto a ouvir o Pinto da Costa a cantar, chego lá antes da Marta
Leite e Castro encontrar o 888º "Amor da Minha Vida", e já só faltam
três. Dois, desculpem, não tinha visto a capa da "Caras" desta
semana. É quase tão difícil acompanhar a vida amorosa desta querida, como os
movimentos da conta bancária do Isaltino Morais. Aquilo a que se chama na
gíria, um entra e sai danado.
É facto, não me apetece escrever sobre
nada em particular. É óbvio que o meu rating de empreendedorismo está
claramente ao nível do EcoPonto. Nada que uma boa carta de demissão não
resolva, segundo o nosso Primeiro-Ministro. O lema de PPC é "ser desempregado
hoje em dia, nem sabes o bem que te fazia".
Mas esta ideia não é propriamente
original num chefe de Governo, se bem que com remix. O nosso ex reconheceu
primeiro esse oceano de oportunidades que é o desemprego... Demitiu-se,
emigrou para Paris, e foi estudar filosofia, com o Alto Patrocínio da conta dos
pais.
Ora, sobre este tema oferece-me dizer
o seguinte
- Parece-me natural que esta decisão
do nosso pseudo-Engenheiro tenha inspirado Passos Coelho. Caso contrário, o
nosso actual primeiro continuava a ser Administrador/Assessor/Conselheiro/Adido
de um número tão grande de empresas semi-privadas (empresa semi-privada:empresa
que semi-delapida o herário público) que podíamos fazer um alfabeto temático. É
que escolher um Primeiro-Ministro nestas últimas eleições, foi como escolher
entre uma maçã podre e uma maçã com bicho: sorte a do Passos Coelho ter menos
moscas à volta.
- Depois de um casting com artistas
como Mário "Deserto" Lino e Manuel "Corninhos" Pinho,
finalmente uma decisão inteligente, esta do Sr. Engenheiro. Parece-me de facto
uma boa estratégia mudar de ramo, já que como político, José Sócrates lembra-me
Coimbra: tem mais encanto na hora da despedida.
- Não deixa no entanto de ser irónico,
como quase tudo neste cantinho à beira-mar largado. Creio que se fecha um
ciclo. O pequeno José começa a vida com o Alto Patrocínio da conta de seus
pais, o Engenheiro Sócrates no seu apogeu vive do Alto Patrocínio dos cofres do Estado, e
agora volta à casa de Partida, com a mãe a bancar as sebentas ao Académico José.
- Percebo agora os jargões que tanto
amamos "Porreiro, pá!" e "Mansa é a tua tia!" O plano Linda
de Suza há muito que estava traçado, e frases como esta devem fazer o maior
sucesso nas festas Erasmus. Saiu-me cá um camaleão este governante... Isto soou
um bocadinho a pleonasmo, não?
E é o que temos: um demite-se, vai
para o estrangeiro à procura do sentido da vida. O outro diz-nos para
comemorarmos o facto do nosso patrão nos mandar à vida, comprando um
bilhete de um só sentido para o estrangeiro. Tudo isto com o Alto Patrocínio do
Eleitorado Português. Obrigada, Maioria Relativa. Dirijam-se ao check in mais próximo, por favor.
E sobre Primeiros-Ministros à
portuguesa, é o que se me oferece dizer...