quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Desperdício público


 Vi duas singelas reportagens na RTP1 nos últimos dias, que me deixaram a fervilhar. E não, não é aquele fervilhar bom, quando deito uma ginginha d'Óbidos abaixo. É aquele fervilhar mau que acontece quando oiço "Isto o que fazia falta era um Salazar em cada esquina!".

Sou apologista do serviço público, o Telejornal é o meu serviço noticioso por excelência, senão em exclusividadade. Talvez por isso, este tipo de não-notícias me deixem em brasa, próxima do registo Valentim Loureiro (asseguro que não é bonito de se ver).

Passo a explicar:

"A freguesia de Aldeia Viçosa, no concelho da Guarda, passou a figurar no "Guinness Book" com a confecção da maior quantidade de arroz-doce do mundo."

O que é isto, meus amigos? Pensava que os americanos detinham o monopólio dos cúmulos da parvoíce, mas nós estamos a aproximar-nos a passos largos.
Ora vejamos: eles elegem duas vezes o W. Bush, nós elegemos duas vezes o Cavaco. Os americanos detêm o recorde da mais longa maçaroca biológica alguma vez ejectada: 3,70 metros (sim é de cócó que estou a falar); vai daí a malta entra no Guiness com uma iguaria capaz de pôr o anterior americano a bater a barreira fisiológica dos 4 metros. Sim, que quem teve a oportunidade/infortúnio de ver a reportagem e reparou na textura do arroz-doce... Caríssimos, já vi sarjetas à porta de alguns bares de Santos com um ar mais apetitoso (o humor escatológico fica por aqui, prometo; se é que alguma vez a parte do humor deixou vestígios neste texto).


"Manhã em Cantanhede: amigos e conhecidos confessam alguma ansiedade"

Contextualizando: Véspera de audiência do Renato Mãos de Saca-Rolha Seabra. A desgraçadinha que tirou a palha mais curta na redacção da RTP vai para Cantanhede, para a porta da papelaria ao lado do Café Central (há sempre um Café Central, Cantanhede não há-de ser excepção) observar as publicações que os reformados e/ou domésticas estão a comprar. E ó espanto, ó estupefacção eles estão a comprar adubo em formato papel, isto é, revistas cor de rosa e o Correio da Manhã, para se informarem sobre, passo a citar "o caso do rapazinho". E assim se gastaram cerca de  5 minutos de espaço informativo no canal público de televisão, que podiam ter sido empregues a filmar coisas tão mais estimulantes como uma colonoscopia (isto não chega a ser escatológico, pois não?).

E sobre desperdício público, é o que se me oferece dizer.

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